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António Joaquim Rosa

O município de Santana, desde 1973, já tinha o ensino preparatório (atuais 5.º e 6.º anos) em todas as suas freguesias, assegurado através da Telescola (aulas dadas através de um televisor) e, paralelamente, havia também o ensino particular doméstico, que preparava os alunos para os exames em todas as disciplinas do 5.º ano (atual 9.º ano), e que eram obrigatoriamente realizados no Liceu do Funchal.

Em 1982, Santana beneficiou da implementação da sua escola preparatória, através do Governo Regional, também fruto do trabalho do então pároco da freguesia de Santana, Padre Isidro Rodrigues, que foi o primeiro presidente da Comissão Instaladora e também, durante muitos anos, Presidente do Conselho Executivo.

Nos anos iniciais de funcionamento, a escola teve muita adesão de alunos do concelho de Santana, e também da freguesia da Boaventura, porque alguns alunos, que tinham deixado os estudos, por não terem oportunidade de estudar no Funchal, com a abertura desta escola, retomaram o seu percurso académico. Então era normal as turmas terem alunos com 18, 19 ou 20 e mais anos de idade.

Como ainda não havia estrada, para o acesso dos autocarros até junto da escola, a paragem de tomada e saída de alunos era na Rua Dr. João Abel de Freitas (junto ao Vera Cruz), o que provocava um grande movimento de pessoas no centro da vila de Santana.

A partir de 1983, tive a honra de pertencer ao quadro docente da Escola Preparatória de Santana, em regime de acumulação, com funções no 1.º ciclo, lecionando a disciplina que era adorada por todos aos alunos, a Educação Física, dava aulas desde o 5.º aos 9.º anos.

As instalações desportivas eram muito precárias. Na época, a escola só tinha um recinto para as aulas de Educação Física, cujo piso era brita/gravilha solta e o recinto sem vedação. Era um espaço onde fazia muito vento e frio e as primeiras aulas da manhã eram difíceis de dar. Os balneários eram no segundo pavilhão e, às vezes, não havia água quente. No entanto, havia muito entusiasmo por parte dos alunos e das alunas.

A organização do evento implicou elaborar as convocatórias e ofícios aos membros do governo, diretores regionais, aos párocos das freguesias, a publicitação nas eucaristias dominicais, pois era o melhor meio de comunicação para a população, pois não havia televisão na maioria das casas, nem diários, nem jornais.

Os Jogos Regionais Escolares eram o ponto alto do desporto na escola. A comitiva de Santana ficava hospedada nas instalações da Escola Jaime Moniz, onde tomavam as refeições e dormiam, durante duas noites. Era uma experiência única de estarem fora da família e nós professores é que supervisionávamos as atividades desportivas e os seus comportamentos. Era uma atividade riquíssima, com troca de conhecimentos, convívio desportivo e feitura de novas amizades.

Paralelamente, durante todo o ano letivo, o corpo docente ficava quase todo a residir em Santana. Os enfermeiros e médicos também residiam em Santana, o que provocava um ambiente de convívio, ao fim da tarde/princípio da noite, nos cafés de Santana.

Em 1988/89 foi o último ano em que exerci funções docentes nesta escola, mas deixei muitas amizades entre os colegas, o pessoal não docente e, sobretudo, os alunos.