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Margarida Maria de Ornelas

Em 1982, foi inaugurada a Escola B+S Bispo D. Manuel Ferreira Cabral. Nesse ano, fiquei colocada na escola, para dar aulas no 1.º grupo, do 2.º ciclo do Ensino Preparatório. Para mim, este acontecimento foi ouro sobre azul, e só pecou por ser tardio!

A abertura deste estabelecimento de ensino, no concelho de Santana, foi uma lufada de ar fresco, uma mais-valia para todos os que, de uma maneira ou de outra, foram e são os seus intervenientes, diretos ou indiretos. Acho que fui uma dessas peças de intervenção e procurei dar o melhor contributo, na educação dos jovens de Santana.

Ainda hoje, depois de quinze anos fora da escola, muito me apraz falar sobre este assunto. A sua inauguração foi uma vantagem para todos. Ela permitiu garantir a todos o direito a aprender e a ter uma educação de qualidade, num processo de ensino e aprendizagem que começou a dar frutos, desde o primeiro dia. Orgulho-me de ter trabalhado em prol da minha gente, fazer os alunos crescerem, durante quase 30 anos. Foi obra! Trabalhei! E trabalhei muito!

Fiz o melhor que pude, em todas as tarefas que me foram confiadas. Anos houve, em que trabalhei de manhã, tarde e noite! Ao longo de várias décadas, dei as minhas aulas e desempenhei também muitos outros papéis, da vida da escola, atividades e iniciativas. O apoio e a confiança do Padre Isidro foram muito importantes. Ele sempre me confiou essas tarefas, acreditando nas minhas capacidades para concretizar os projetos.

Recordo que a nossa escola participou nos concursos da RDP Madeira, onde foi pioneira entre as outras escolas preparatórias e secundárias da RAM. O Padre Isidro incentivou-me a participar no concurso, com outros professores e vários alunos, um por cada freguesia do concelho de Santana. Preparávamos as nossas participações, e chegámos mesmo a ir outros concelhos, para falarmos com as pessoas, recolhermos informação, para estarmos bem preparados. A verdade é que ganhámos! Os justos vencedores! Fomos ao Porto Santo, com viagens e estadias pagas pela RDP Madeira.

Relembro a figura do Padre Isidro, que sempre nos acompanhou e apoiou. Tínhamos sempre comes e bebes, que ele garantia para todos os participantes, quando terminavam as secções do concurso. Lembro-me, com saudade, dos convívios no “Cortado” e, muitas vezes, na própria casa do Padre Isidro. Recebia-nos de forma calorosa e animada, com muita alegria, numa sã camaradagem e partilha, todos juntos por um projeto comum.

Não há “medida” possível para quantificar o que representou inaugurar a nossa Escola, nesta localidade nortenha, para alunos, professores, funcionários, pais, e toda a restante comunidade. Foi e continua a ser muito benéfico. Todos nos lembramos das imensas dificuldades, antes da sua inauguração. As complexidades e os desafios, por exemplo, para os alunos chegarem ao Funchal. O dia começava cedo, o percurso era difícil, as viagens diárias eram demoradas e cansativas. No início, surgiram algumas dificuldades, mas tudo se resolveu. Hoje elas estão colmatadas e a Escola continua a sua missão.

Sinto muito orgulho em ter participado ativamente neste projeto de construção da cultura e do ensino na minha terra e para a minha gente. Muitos foram os alunos que passaram por mim. Trabalhámos tudo o que foi possível e exigido, sempre de acordo com a lei em vigor e pelo sucesso dos alunos.

Anos mais tarde, tive o grato privilégio de trabalhar com alguns dos meus ex-alunos, que foram meus colegas e professores na escola. Ainda hoje, quando falo da Escola, digo “a minha escola”, com muito orgulho, muita alegria e com um sentimento de dever cumprido.