Padrinho e Madrinha significa, acima de tudo, o simbolismo de ter estado e continuar a estar presente.
Os sentimentos que nos atravessam, quando os nossos alunos nos convidam para os apadrinhar, são orgulhosa e emotivamente sentidos, na ideia de fazermos diferença na vida destes jovens, que procuram ser empaticamente compreendidos nos seus dilemas existenciais, típicos das idades, cuja personalidade ainda se está a formar. Obviamente que isto se reveste igualmente de uma enorme responsabilidade, no sentido de os conduzir para o rumo certo, sendo este, aliás, a principal missão da profissão de um professor.
Por conseguinte, ficamos muito contentes pelo convite que estes alunos nos endereçaram, sinal que fizemos essa diferença ao longo de uma enorme jornada escolar. Eram meninos ansiosos, tímidos e, simultaneamente, entusiasmados. Hoje, diferentes, jovens determinados e quase a sair da escola, para seguir outros caminhos, de acordo com as suas aspirações, mas com o mesmo olhar jovial, alegre e simpático. Que nunca o percam!
Somos professores e alunos. É na sala de aula que construímos a nossa relação, e no espaço Escola, que fortalecemos a mesma. E maior bênção que esta não há. Ali, às vezes entre quatro paredes, noutras, fora delas, nasce a cumplicidade que nos torna únicos, especiais e perpétuos; e é lá, em tantas ocasiões, que os medos desaparecem, que a confiança vence, que o desejo de nos tornarmos pessoas melhores acontece, que os sorrisos imprevistos sucedem, que as preocupações são as alavancas para nos ajudarmos uns aos outros, ou, e maior magia não há, quando nos sentimos parte integrante dum lugar que parecia se extinguir.
Não obstante, ouviram repreensões, elogios e também incentivos a serem cada vez melhores. Ficámos felizes por cada um deles ter bebido essas palavras proferidas com o intuito de acreditarem em si próprios e que melhor é sempre possível, ainda que, muitas vezes, a envolvência pudesse parecer apenas uma névoa cerrada.
Ser Padrinho e Madrinha é, igualmente, o envaidecimento de vê-los crescer (a nível académico e pessoal). A aprendizagem é um constante movimento sobre nós mesmos. A Cerimónia das Capas é, assim, muito mais do que um dia de festa no calendário. Ela é o fim de uma etapa e o início de um ciclo. A gratificação assiste-nos nesse dia tão diferente dos demais. Saber que somos aqueles com quem estes jovens escolhem estar, além das suas famílias, faz-nos também sentir orgulhosos. E muito! Foi um momento festivo que permitiu o estreitamento de laços entre nós, alunos e famílias; e que se revestiu de um momento comovente para toda a comunidade, na medida em que o destaque incidia sobre estes jovens que serão o futuro.
Podemos até chorar, seja na Igreja, seja ao jantar, seja nalgum instante que não contávamos, mas devemos sorrir, obrigatoriamente sorrir… sempre!
Neste sentido, Padrinho e Madrinha são olhares meigos, olhares que lhes transmitem a importância da conquista diária dos seus sonhos, da perseverança pelos mesmos, apesar das dificuldades, da recriação dos seus horizontes, da importância de se assumirem exploradores deles próprios, do fortalecimento do valor da alegria e jovialidade no que realizam, da seriedade de saberem ser felizes, atributos que marcam a diferença na vida dos outros e, não menos importante, o sentido do seu legado pessoal, num mundo repleto de circunstâncias que atravessarão, conscientes de que são o resultado das suas experiências e memórias.
E, citando parte do poema “Sísifo”, de Miguel Torga, nunca esqueçam…
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
Os padrinhos:
Eulália Rodrigues & Nuno Rafael Costa