Vivi a inauguração do pavilhão gimnodesportivo, que mudou por completo as aulas de Educação Física – já não tínhamos de
ficar presos numa sala quando chovia a potes – e a chegada de uma nova estrada (e das camionetas) à Escola.
Recordo-me de um Presidente do Conselho Diretivo, o Padre Isidro, que impunha respeito só com a presença e que defendia a
instituição que ajudou a nascer com ‘unhas e dentes’. Só bastava o “Sr. Diretor “aparecer para que as corridas malucas
que fazíamos pelas escadas e corredores se transformassem em procissões ordeiras. Ninguém se atrevia a levantar a voz,
pisar a relva ou dizer algo menos próprio na presença do ‘bom gigante’. Sim, porque depois de ter aulas de Português com
o que todos consideravam o temível Presidente do Conselho Diretivo, percebi como se dedicava aos alunos.
Uma dedicação que contagiava todo o corpo docente. Claro que há sempre aqueles professores que, por uma razão ou por outra,
nos marcaram mais. Como a Prof. Maria José do Inglês, que se tornou amiga de todos na turma e que, desde o primeiro dia,
só aceitava que se falasse em inglês na aula – o que significava recorrer muito a gestos e expressões nas primeiras semanas.
Ou do Prof. Dionísio, sempre muito calmo, mas que nos ponha a transpirar como ninguém… Também me recordo de muitas
traquinices. Muitas delas que aconteciam – e imagino que ainda aconteçam – nas traseiras do último pavilhão.
Das fugas pela rede junto ao campo para passeios não autorizados, da forma como enchemos o casaco de um professor,
acabadinho de chegar de Lisboa, de caracóis (apesar de viver no continente desde 1991, ainda não consigo comer esses bichos),
de como gritávamos “Pupitre” pelas costas do nosso Prof. de Francês… E de outras diabruras que não convém partilhar para não
incriminar ninguém…
Foram cinco anos muito intensos, ou não fosse a adolescência um período fundamental para a construção da nossa personalidade.
Anos em que foram criadas e reforçadas as maiores amizades e que despertaram o meu interesse pela ciência e por o que passa
no mundo.
De repente, fiquei com vontade de jogar ping-pong.
Súmula Curricular
O gosto pela tecnologia levou-me a tirar o curso de Engenharia Mecânica e a entrar no jornalismo especializado em
tecnologia aos 18 anos. Cheguei à Exame Informática em 2012 para o cargo de chefe de redação e tornei-me diretor da revista
em 2020. Sou coautor e apresentador do programa Exame Informática TV, na SIC Notícias, e autor habitual de artigos sobre
ciência tecnologia em diferentes publicações, com destaque para o Visão. Com livros publicados nas áreas da fotografia e da
informática, sou também formador especializado em multimédia, cibersegurança e 3D.
Atualmente sigo com particular atenção os setores da sustentabilidade, Inteligência Artificial e mobilidade elétrica.