
A escola de uma vida
É com alegria e alguma emoção que participo nas comemorações dos 40 anos da nossa Escola. A minha ligação a esta Casa remonta ao ano de 1986, em que, como filha de emigrantes em França, regressei à Madeira.
A verdade é que a integração foi muito difícil. Vinha eu de um país onde abundavam autoestradas, cinemas e televisão com vários canais. A minha geração terá com certeza na lembrança como era Santana, na época: estradas em terra batida, a grande maioria da população dedicava-se a agricultura, a RTP Madeira era o único canal existente e iniciava a programação somente à tarde.
Neste quadro, a escola constituía para alguns jovens um escape, que servia de pretexto para não trabalharem com os pais, nas árduas tarefas da então tão rude agricultura, mas para a maioria representava sobretudo um meio que permitia ansiar um futuro melhor. Lembro-me nitidamente de ter receio dos alunos de 9.º ano, pois achava-os gigantescos e adultos. Só mais tarde, soube que havia realmente alunos muito mais velhos, do que seria de esperar, para o 3.º ciclo, pois este grau de ensino não existia em Santana. Então, os jovens aguardaram, alguns anos, em casa, a abertura do famoso “liceu”.