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Homenagem ao Reverendo Padre António dos Ramos Teixeira da Silva
Data: 2022-12-28 Visualizações: 1312

Homenagem ao Reverendo Padre António dos Ramos Teixeira da Silva

“A memória, da qual cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro”, Le Goff (2013). 

Em homenagem ao Reverendo Padre António dos Ramos Teixeira da Silva, digníssimo Professor da Escola Básica e Secundária Bispo D. Ferreira Cabral de 1983 a 2002 partilhamos um texto, que carateriza de modo sucinto, a sua intervenção social e cultural na Juventude e o seu contributo para a Escola que temos Hoje.

 

Os Caboucos da Utopia

 

Trinta e tal anos são volvidos.

A memória da minha juventude, já comprometida, agudiza-se, energicamente, ao recordar os encontros, as tertúlias, os grupos de amigos/as que consumiam o sentir alegre e solidário da nossa vida jovem.

Nos anos 70 do século XX, balbuciavam-se utopias, verdadeiros sonhos do futuro eminente.

Éramos poucos “os filhos da terra”, desde o Seixal até Machico que romperam a nuvem negra do analfabetismo para contemplarem o Sol do Ensino Superior, Universitário e Profissional.

As férias, com o seu perfume de convívios, arrebatavam-nos para a expansão desportiva, cultural, “mundiais” de comes e bebes, muitos nos ambientes das famílias.

Havia um relacionamento “fraterno” com as “pessoas vivas” das várias atividades sociais com uma influência peculiar, nos nossos debates e intervenções no meio, sem esquecer a participação nos órgãos da comunicação a bem das localidades.

A confiança mútua sorria em cada um de nós. Foi força humana para ultrapassar todas as fronteiras da cultura.

Lembro-me, a partir de 1968, que os estudantes universitários, professores, médicos, funcionários públicos e privados, autoridades administrativas e outros começaram a despontar o “gorgulhinho” utópico e distante de termos nas “terras” do Concelho de Santana um LICEU.

Iniciativa nascente, imberbe, sonhadora, mas calorosa e, por vezes, compulsivamente, acolhida quando se colocava a tónica da sua localização.

As pretendentes: São Jorge e Santana.

Felizes e alegres encontros de pessoas que acreditam que é assim que as coisas acontecem frequentemente.

Espontaneamente, é lançado um baixo-assinado, em Santana, para aí ser a sua localização futura nas “terras rurais” da sede do Concelho. A adesão foi plena. E entregue, após a sua recolha, às autoridades do Ensino/Educação, sediadas na sede do Distrito do Funchal.

Este documento mexeu com os “pergaminhos” bairristas desses centros populacionais. O seu intuito e relance de perspetiva reforçou, ainda mais os laços de união do bom convívio entre todos.

Aqui ressalvo o traço forte da união de cerca do pouquíssimo grupo de estudantes Santanenses.

Os alicerces foram cavados e as raízes mais profundas alimentaram-se deste fervilhar de conversas, por vezes, muito animadas.

Todos os fins de semana, nas férias, tinham atividades de ocupação de tempos livres, desde os passeios em grupo, participação em todos os arraiais, jogos de futebol entre Santana e o Pico Ruivo e os bons convívios de famílias.

Nestas atividades calejaram-se fortes decisões e atitudes que “aguentaram” a utopia de realizações futuras. Estas vivências destruíram todos os sinais de frustração social. Alertaram-nos e ajudaram-nos, a cada ser um SER singular, no meio da multidão em volta.

Influenciaram-nos a sermos PESSOAS de primeiro plano de atividades. Estas influências presentearam-nos com o SENTIDO saudável da VIDA.

Aqui ficam estas notas da cultura rural de cerca de 30 (trinta anos) e tal anos, terras do Norte.

Esta homenagem recordada retrata vivências que trazem autencidade à amálgama de viveres estranhos da cultura do campo. Conteve as maiores reservas de valores. Na cultura rural definem-se habitualmente os traços mais profundos da alma de cada povo.

Na manhã luminosa de 25 de Abril de 1974, despontam em Portugal as ideias de Maio de 1968 em França. São acolhidas febrilmente. Nos “bandos” de Santana foram acariciados.

As sementes bem conservadas vão empurrando as suas ideias para a prática da sua realização. Estão a decorrer as celebrações dos 20 Anos da criação da escola, que foi UTOPIA.

O sonho é realidade.

A sua história continua a decorrer!!!

 

António dos Ramos Teixeira Silva

Professor do 1º Grupo

 

 

Artigo publicado - 20 anos em Revista, Escola Básica e Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, junho de 2003.

Próximas Reuniões

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